[...] o peixe dizem que morre pela boca. Porque não tem grande escolha. E é aí que acho que não sou peixe. Lá está, mais uma chapadinha kármica para quem se achava pescador.
Isto podia ter sido perfeito, não tivesse eu uma tendência crónica para a complexidade. Sempre me aborreceram pessoas e coisas básicas, o assim-assim, a passividade, a falta de novidade, a flat line. Quando disse ao B que nunca ia ser feliz disse-o em consciência, e ciente de que sou e estou permanentemente insatisfeita e que é provável que assim me mantenha. Diz que depois de uma certa idade, já não há muito a mudar.
Tinha conseguido finalmente construir uma normalidade minha, onde pouco dependia de alguém, onde tinha finalmente percebido que existem pessoas na nossa vida mas que não são a nossa vida, and they come and they go e tudo continua a girar e quem fica para trás, ficou. Era eu, inteira. E só eu.
E num momento daqueles pequenos, mas que em retrospectiva nos mudam a vida, apareces-me tu, com anos de atraso. Considerando o que me disseste hoje, não, não sabia que devia ter chegado mais cedo. Tudo acontece quando tem de acontecer, pensar de outra forma e colocar "e ses..", além de estúpido, não coaduna contigo.
[...]
Mas dizia eu que para mim eras como uma gaja. Por aqui se vê o quanto eu não premeditei isto e o quanto não me passava pela cabeça. As nossas vidas já se cruzaram once upon a time (e pelos vistos fomos rectas tangentes durante todos estes anos) e não estou a ser bruta se disser que nunca olhei para ti de forma incorrecta e que nunca me despertaste qualquer interesse. Sabia o teu nome e pouco mais, e chegava-me. Chegou-me sempre. Até àquele momento em que a merda dos planetas alinharam e num grupo de 20 e tal pessoas, de repente, só estávamos nós, num diálogo em fast forward, como se os anos tivessem de ser postos em dia ali e já.
E depois um encontro. Outro, espaçado no tempo. Um café. Muitos cafés, aliás, que eu sou uma criatura que já tem dificuldade em permanecer acordada 24h. O riso fácil, a cumplicidade que se construía sem esforço, os gostos em comum, sempre foi tudo tão fácil contigo [...].
"Tu já reparaste como falas com ele?"
Lá está esta gente com merdas. Mas porque é que sexos opostos não podem ser amigos? Ele nem faz o meu género!
E não fazes mesmo, se bem que agora já está tudo tão esbatido que me é difícil encontrar algum tipo de definição. E depois havia aquela barreira ética que tu, muito mais do que eu (conheço-me bem, só isso, o fogo sempre teve um magnetismo próprio para mim), nunca irias quebrar.
[...]
E era por ter tanta certeza disto que defendia com unhas e dentes a ideia de que "não, nunca na vida!", "pró car%$#% mais as vossas novelas" e inicialmente achei que os toques dos dedos eram acidentais, a maneira como quase viravas a cabeça quando nos despedíamos era paranóia e os poucos cms que nos separavam de um beijo em situações banalíssimas eram filme da minha cabeça.
O facto de amigos terem percebido antes de mim que gostava de ti foi o que me alarmou. Eu própria só sei que sinto algo quando em auto-análise identifico comportamentos anormais, nervosismo e falta de indiferença.
E neguei sempre, até a mim própria. Éramos só amigos. Quando aí já nem os teus defeitos, que numa situação normal enumeraria, criticaria e com os quais embirraria, conseguia ver, porque já faziam só parte de ti.
Pronto, e o beijo. Até me custa falar sobre isso ou tentar adjectivá-lo. [...] Tem de ter sido o melhor primeiro beijo da (minha) história. [...]
terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
É não é?
A malta que anda a postar o próprio video-comemorativo-dos-10-anos-do-FB é a mesma que fotografa a comida, a 25 de Abril todas as manhãs e os ténis em Belém, right?
sábado, 1 de fevereiro de 2014
In the car
A - E ele contra-argumenta com aquela merda, que nem sequer é verdade. Se há coisa que tenho feito é exactamente o oposto.
B - Oh, ele tinha de inventar alguma coisa para se defender. Sabe que não tem razão.
A - E isso não é uma cobardia de todo o tamanho? Foda-se, que dissesse a verdade, inventam tretas para quê?
B - Porque ninguém tem dois tomates. Há quem não tenha nenhum e há os que têm um, mas só um. Têm tomates para algumas coisas, já não têm para o resto.
B - Oh, ele tinha de inventar alguma coisa para se defender. Sabe que não tem razão.
A - E isso não é uma cobardia de todo o tamanho? Foda-se, que dissesse a verdade, inventam tretas para quê?
B - Porque ninguém tem dois tomates. Há quem não tenha nenhum e há os que têm um, mas só um. Têm tomates para algumas coisas, já não têm para o resto.
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