terça-feira, 19 de junho de 2012

Constatações matinais

Ia eu hoje de madrugada em modo zombie crónico a tentar não me espetar na nacional, quando sou brindada com este espectacular êxito das radios nacionais. Já me tinham alertado há uns dias para prestar atenção à letra, mas esta música para mim é a nova "Sei-te de Cor" do Paulo Gonzo ou outra paneleirice do género, com que alguns dos meus contactos do Facebook vão ornamentar a minha wall (oh lucky, lucky me!), em modo declaração-de-amor-azeiteira. E depois eu gosto muito de músicas onde alguém se lembrou de encaixar 20 palavras num trecho musical onde só caberiam 6.

"Ver os aviões a levantar voo". Bom, eu já estive nos spots propícios à coisa tanto em Lisboa como no Porto. Na altura não me lembro de ter concebido levar alguém comigo para partilhar aquele belo momento. Mas que aquilo tem ar de pinatório by night, isso tem, logo deve ser por aí.

".. ao Porto de Leixões ver os navios". Epá, não. Lembro-me de lá passar de manhãzinha antes da odisseia na VCI e também não foi assim coisa que me apelasse ao amor. Já na vertente pinatório..

"ele ganha a lotaria ou faz uma magia". Alguém que não sabe muito bem o que quer. Trabalhar é que está quieto.

".. os automóveis à avenida a queimar pneu". E foi aqui que se começou a fazer luz na minha cabeça.

"Totobola ou pego na pistola". Toda a gente sabe que o Totobola não dá nada hoje em dia. A alternativa é então pegar numa pistola, o que mostra a tendência para a violência gratuita do sujeito.

Portanto o que eu acho é que temos aqui um casal de mitras. Ele de boné, brinquinho, patilha afilada, sem grandes projectos de vida e que resolve tudo à porrada. Ela uma azeiteira também, mas daquelas fixes que curte o tuning, peixeiradas na Senhora da Hora e com uma indumentária como as rameiras do "Não sou dama do Facebook" (mas como é que ainda não escrevi sobre essas donzelas..?!). Adoram motores, fumos tóxicos, armas e hipérboles amorosas. Mas ele vai roubar a lua para ela. Não filha, vais acabar a parir um puto antes dos 18.

1 comentário:

  1. O que eu já me ri à conta deste texto. Concordo plenamente com a tua análise da coisa :)

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