segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O peru na Festa das Vindimas

Para quem não conhece, é em Palmela e conhecida pelo abuso amazónico de moscatel. É igual a tantas outras, com barraquinhas de comércio, bebida, comida, palcos para concertos, etc.
Mas para quem frequenta esta pequena maravilha.. it's so much more than that! Podia falar das ruas íngremes de Palmela, com aquela calçada espectacular fode-pneus, ou do pôr do sol no miradouro do Castelo, mas na verdade o que interessa aqui é a vertente humana da coisa.
A frase que mais ouço nesses dias é, quase sempre, "Epá, a malta só se vê nas vindimas!" e têm-se N conversas ao longo da noite sob a temática do "que tens feito, curso, trabalho, gajos, não estavas a morar no Porto?". Isto porque o moscatel, Palmela, os concertos.. não passa tudo de uma enorme fachada, porque a maior parte das pessoas vai para ser vista e para ver o que quer (e o que não quer também).
Então o cenário fica qualquer coisa do género: 23 da noite. O largo está cheio de gente, muitos mini-grupinhos em roda com as suas garrafas, a distribuirem copos cheios com generosidade. Ainda está tudo meio sóbrio, portanto o que não falta são cabecinhas no ar que olham em redor. Procuram conhecidos, amigos, "malta que só vêem nas vindimas" ou, mais frequentemente, o rapazinho que vão comer no fim da noite, a ex que lhes meteu os cornos e vai-uma-aposta-como-a-vaca-vai-estar-aqui-com-outro, a paixão platónica, o namorado com quem tiveram uma zanga há dias e portanto há-que mostrar que estamos bem and having a blast! E eu não critico, porque faço exactamente o mesmo. Lá para a 1 ou 2 da manhã, os ânimos já se exaltaram. Já anda tudo de cabeça baixa, não vá ver o que não pediu, ou porque não quer falar àquele e àquela, "epá, já tou todo fodido, não me deixes falar com ninguém", há muita gente a discutir, lágrimas, porrada, I've seen it all. E também já fiz parte desse grupo.
No fundo, para quem é aqui da zona e frequenta a festa religiosamente todos os anos, alguma da nossa história de vida fica sempre marcada naquele largo. Porque foi onde se discutiu com o namorado, onde se fez as pazes, onde se teve aquela noite espectacular antes de entrar tudo na faculdade, onde se apanhou a cardina brutal antes do exame de recurso duma cadeira qualquer de Setembro. Para mim, entre muitas outras memórias, está a do ano passado, em que fui brindada com uma chamada não atendida e uma sms logo em seguida. "Foi engano".

2 comentários:

  1. O largo de qualquer localidade é sempre o ponto de encontros, desencontros, risos, lágrimas, e onde surgem os amigos e inimigos...também tive um largo na minha adolescência..:))

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  2. Essas festarolas nunca são realmente sobre as festarolas, mas sim sobre as pessoas ^^ Bjs*

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