Já não sei a que propósito veio isto hoje, mas chegou-se aos nomes que se dão aos carros. Que os proprietários dão aos seus bólides. Eu disse que não tinha nenhum em específico e que o adjectivava consoante o que ele fizesse. "Filho da puta" quando entra na reserva. "Fofinho da mãe" quando a reserva me deixa chegar a casa.
Nisto tudo, comecei a pensar que, adorando eu conduzir, o meu carro e eu já passamos por muito juntos. Muito mesmo. Já está comigo há anos, passou comigo os melhores e certamente os piores momentos da minha vida. Foi ele que sofreu quando me deram ataques de fúria às tantas da manhã. Foi ele que foi comigo quando fazia Km com um sorriso nos lábios. Testemunhou conversas intermináveis, umas mais sérias que outras. Viu relações começar e terminar. Foi comigo fazer orais na faculdade. Ficou todo amolgadinho quando atirei o motociclista estrada fora. Foi nele e no acelerador que descarreguei muitas vezes a minha frustração, na esperança que me aliviasse o fardo. Cantou comigo aos berros canções que até tenho vergonha de mencionar. Já me fez de hotel. Já andou com a minha casa às costas. Está recheado de memorabilia, coisas que quem lá anda nem nota ou dá importância. Tem o pacote de B de maçã. Tem o macaquinho do McDonalds. Tem o Glue. Tem coisas escritas no vidro que não consigo apagar. Aquele volante tem mais lágrimas que a minha almofada alguma vez terá.
Foda-se, adoro o meu carro.
I love mine too. E infelizmente tem uma amolgadela no volante, devido a uma fúria minha meses depois de o comprar..
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