segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O peru regressado

Enquanto conduzia já o estômago se entrançava em nós. De marinheiro, como convém.
Sei que o tempo passou porque existem tabelas chamadas calendários, porque para mim parece que foi tudo ontem. Assim que passei o Mosteiro de Santa Clara pensei que me ia dar uma coisinha má.

N13. Descia e ia contando os cruzamentos por onde passei há sensivelmente 3 anos, a arrastar uma mala monstra, depois de apanhar uma boleia de um perfeito desconhecido. O dia que está marcado a ferros.

Passo pelo nosso spot nocturno e rezo para que não esteja lá ninguém conhecido. Esta gente não tem vida própria e não me apetece ser assunto de café. Parei o carro na marginal. Está um dia lindo e o mar está perfeito. Acho que nunca te disse como adorava esta cidade e como invejava a tua (e depois a minha) sorte em morares a 2 minutos daqui. Then again, há muita coisa que não te disse. Infelizmente para mim é sempre mais fácil abrir a boca para negativismos que para as coisas que deviam importar. Não deixa de ser interessante como um estalo de realidade muda prioridades e perspectivas e, em última análise, a mim.

Um almoço inesperado. Fui recebida com sorrisos e braços abertos pela família que de certa forma já era a minha. Tinha saudades disto.

Vi-te depois de almoço e pensei que ia morrer. Quis dar-te um abraço, mas sei que não posso. Disseram-me para ter cuidado e trazer rede de segurança. Mas quando o assunto somos nós, isso é coisa que para mim nunca existiu. Deve ser por isso que dei a queda que dei e ainda estou toda partida.

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